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Como mudar certos hábitos?

 

Confira partes do texto da entrevista do psicólogo Pedro Quaresma Cardoso à Revista AT do Jornal A Tribuna de Santos publicada em 20/10/2013.

por Joyce Moyses (edições nossas)

 

Se existe o desejo, mas você não tem coragem ou não sabe como começar, reunimos uma porção de dicas! E veja como ganhar mais satisfação, liberdade de ação e jogo de cintura.

 

 

Todos nós queremos transformar alguma coisa, sacudir o dia a dia com novidades, trocar maus hábitos por bons, para acompanhar a evolução do mundo acelerado em que vivemos e nos tornarmos pessoas melhores e ricas em saúde e experiências. A questão é como tirar do nosso caminho inseguranças e medos diante do novo, do desconhecido. E, mais ainda, como vencer a preguiça de tentar algo diferente, mas que exige esforço pessoal. Que bom que o pensamento tem poder infinito, mexe com o destino, cria uma expectativa positiva que favorece o processo de vitória. Satisfação chama satisfação.

 

O músico Gabriel, O Pensador também já deu pitaco nesse assunto: “Na mudança do presente a gente molda o futuro…”. E quem não reparou no slogan das recentes manifestações nas ruas: “Desculpe o transtorno, estamos mudando o país!”?

O que esses três pensamentos têm em comum: sem mudanças não teríamos chegado até aqui, e a questão é que elas ficaram mais rápidas e necessárias. Mas será que estamos acompanhando no mesmo ritmo? O lema de Gabriela “eu nasci assim, eu cresci assim…” não cola mais. O desafio é aceitar uma nova forma de pensar sobre nós mesmos para evoluir nossos hábitos. Então, ganhe coragem e ferramentas de mudança com estas dicas:

      Desenvolva autocontrole.

Quando pensamos em mudanças, pensamos em pessoas que têm uma motivação, uma intenção, uma inclinação capaz de leva-las a situações ou lugares novos. “Mas só isso não garante que elas serão bem-sucedidas”, alerta o psicólogo especialista em psicoterapia comportamental, Pedro Quaresma Cardoso, mestre em ciências da saúde pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“É o autocontrole que ajudará a tomar atitudes e persistir nelas, aumentando as chances de conquistar hábitos melhores. Por exemplo, se eu resolvo frequentar uma academia, passo a deixar uma sacola com agasalho e tênis no carro para facilitar e não desisto na segunda semana. Se pretendo colocar meu filho numa escola mais forte, investigo opções com experts e visito algumas até escolher a mais adequada. Ou seja, faço algo antes, prevendo que isso modificará o meu ambiente e tornará provável que meu objetivo seja alcançado”.

         Liberte-se do imediatismo.

No geral, você passa por desafios até atingir a mudança. “É importante resistir à tendência do ser humano de agir com base nos reforçadores imediatos (aquilo que é gostoso, confortável naquele momento). Afinal, muitas vezes você tem de segurar a impulsividade e encarar ações temporariamente desconfortáveis durante o processo de mudança: como vencer a preguiça e a temperatura fria para suar a camiseta na aula de aeróbica. Na prática, botar esforço pessoal e assar pelos desafios é complicado, especialmente para essa geração mais jovem, de no máximo 30 anos, acostumada a ter tudo na mão, na hora que deseja. Só que quem fica aprisionado ao imediatismo e não devolve autocontrole, mais dificilmente consegue avançar num esporte, perder peso, dar uma virada de 180 graus na carreira… e por aí vai”, explica Pedro Quaresma, que atua no Instituto Agir e Pensar de Psicoterapia Analítico-Comportamental, em Santos.

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Zona de desconforto

Pesquisas mostram que os mais perseverantes e com autocontrole relatam maior satisfação com a vida. “escapam das tentações que atrapalham seu objetivo e alcançam objetivos, alinham hábitos aos seus valores, mudam comportamentos”, continua Pedro.

Ouve-se muito que a pessoa resiste a mudar por ficar na zona de conforto. Mas, na verdade, é mais zona de desconforto, pois ela poderia estar melhor, embora mantenha os braços cruzados. Fica naquela coisa de “não está bom, mas não mexo”, típica de quem se enreda em atividades tediosas, tem rotina sedentária e sente solidão, por exemplo. “O autocontrole ajuda a sair dessa zona de desconforto porque você se conhece, percebe como fazer diferente e toma atitudes para que a mudança seja alcançada”, reforça o psicólogo.

Um hábito da atualidade que as pessoas deveriam mudar? O aprisionamento nas redes sociais, na opinião de Pedro, referindo-se ao comportamento de ficar grudado no computador ou celular olhando os últimos posts. “Você supostamente se sente bem informado, antenado, conectado com tudo e todos, sem se dar conta de que alimenta um incômodo interno, uma insatisfação. Está na hora de resgatar hábitos fora das telas virtuais, como encontrar pessoas, relaxar a mente andando na praia e olhando para o infinito”.


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Mário, de quem é a culpa? De Um ou de Outro?

por Pedro Quaresma Cardoso

Ao narrar a história de dois amigos no conto Frederico Paciência*, Mário de Andrade dá uma aula sobre a vulnerabilidade das amizades. História emocionante. Sobretudo pela extrema facilidade com que nos identificamos com ela. Mário descreve a paixão fraterna que é construída entre dois meninos, pelos quatorze anos, na época de colégio. Eles eram diferentes, tinham sonhos diferentes. Um almejava a medicina e o Outro, as artes. Pintura, música e versos. Jovens, de origens diferentes, aprenderam muito Um com o Outro. Um passeava entre as amizades como quem pula ondas, que passam sem que se dê conta de para onde foram. O Outro não tinha nenhum amigo. Um foi seu primeiro. Aprenderam a ser cúmplices. Acreditavam-se inseparáveis.

Há quem diga que amizade é natural. Inicia-se naturalmente. Aparentemente nada fazemos para que um amigo se mantenha nosso amigo. Errado! Fosse assim, seria só esperar o tempo passar e os amigos se tornariam mais amigos. Amizades não são como frutas que amadurecem sozinhas, demandam muito trabalho, muitas atitudes em prol de sua construção. Não há nada de natural em uma amizade. Para mantermos uma relação não podemos esperar que o acaso nos uma, devemos nos comportar para que união ocorra, por exemplo, convidando alguém para correr no parque. Para que ela perdure é necessário esforço de ambas as partes. Do Um e do Outro. Ao acompanhar o parceiro em tarefas enfadonhas, por vezes entediantes, mostra-se que o importante é o Outro e não a tarefa que desempenham juntos.

No conto desses dois amigos, em algum momento, pelo menos um deles parou de se comportar como amigo. Sem que percebessem, pois foi aos poucos, se distanciaram. Que pena. As causas, agora, não nos importam. No entanto, as conseqüências disso não poderiam ser diferentes. Os amigos se afastaram. Ao fim, um deles, conformado com a separação e sem saber muito bem por que ocorreu afirmou: “Estou convencido que perseveraríamos amigos pela vida inteira, se ela, a tal, a vida, não se encarregasse de nos roubar essa grandeza”.

A grandeza de manter uma amizade está em comportar-se para mantê-la. Assim Um e o Outro talvez pudessem ter salvo sua amizade. Acabaram colocando a culpa na vida. Enfim, alguém sempre leva a culpa – nem sempre o real culpado.

*Frederico Paciência, de Mário de Andrade, foi publicado no livro Contos Novos, de 1947.


Instituto Agir e Pensar

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