Os terapeutas comportamentais também amam?

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Por Pedro Quaresma Cardoso

Será que o amor está presente no coração desse cara tão técnico? B.F. Skinner – pasmem! – falou e muito de amor.

Mas minha intenção aqui não é falar do amor dos amantes, nem dos apaixonados. Em tempos de racionamento de água, energia, contas de luz astronômicas e coisa e tal acho que cabe mais falar sobre amor ao próximo. Amor pelo próximo era quase um mantra em seus textos.

Nas entrelinhas, o altruísmo sempre foi o grande motivador da obra dele, mas como diz uma amiga minha: “Ele foi muito claro nas entrelinhas!”. Havia uma preocupação por entender como fazer com que as pessoas deixassem de agir impulsivamente, comendo em excesso, procrastinando, dirigindo perigosamente, usando água, energia e recursos naturais sem preocupação.

Seu grande lema era tentar fazer com que deixássemos a impulsividade de lado na maior parte do tempo e agíssemos sob controle de consequências atrasadas. Aí sim, enfim, teríamos um mundo mais sustentável. “Um mundo meramente feliz não é suficiente; deve ser um mundo que tenha alguma chance de sobrevivência.” (Skinner, 1983, p.395).

Pera aí! Já vou responder se ele tinha amor no coração. Vai vendo.

Lembre-se, o cara era técnico até o último fio de cabelo – dividiu o conceito de amor em três partes. (Se estiver com pressa pule essa parte, mas leia depois):

→ Segundo Skinner as contingências de seleção, natural e operante, que produzem o sentimento de amor devem ser analisadas. Para entendê-las Skinner utiliza três palavras gregas para definir amor: Eros, philia e ágape.

 • Eros: Palavra usualmente empregada para significar amor sexual. A suscetibilidade ao reforçamento pelo contato sexual é um traço evolutivo do ser humano. Portanto, uma parte importante do comportamento sexual e várias dimenções do amor parental foram selecionadas durante a evolução da espécie.

 • Philia: Amor relacionado a situações reforçadoras aprendidas durante a história de vida do indivíduo.  

 • Ágape – evolução cultural: A direção do reforçamento é invertida. Não é o nosso comportamento, mas o comportamento daquele que amamos que é reforçado. O efeito primeiro é sobre o grupo. Ao demonstrar que sentimos prazer pelo que a outra pessoa fez, nós fortalecemos o fazer, e assim fortalecemos o grupo.

Nosso trabalho como terapeutas no consultório passa por esses conceitos. Ensinar os clientes a agir sob controle de reforçadores atrasados – plantar hoje para colher amanhã – é muito importante. Eu diria que é um caminho possível no tratamento dos transtornos depressivos e ansiosos. Porém discutir o conceito de amor altruísta é uma obrigação e um possível legado que nós psicólogos clínicos podemos deixar para cada um de nossos clientes. Sim, nós temos um poder técnico nas mãos que pode ajudar pessoas a se sentirem mais satisfeitas individual e coletivamente sem esquecer que um mundo impulsivo não é sustentável.

Agora me responda você. B.F. Skinner tinha ou não amor no coração? Na minha humilde opinião ele tinha amor no coração, na cabeça (e que cabeça!) e em todos seus textos. Vale a pena ler e reler. Aliás, sim os terapeutas comportamentais também amam!

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